domingo, 1 de fevereiro de 2009

Clarinha fala de: MODA!

Já me perguntaram se sou autêntica. Jamais, respondi. Todo ser humano vacila. Acho até que “ser autêntico” é um clichê de pessoas que sentem a necessidade de se auto-afirmar em mesa de bar. Outro dia uma amiga me perguntou se eu usava saias monocromáticas por estilo próprio, pra marcar território, exclusividade. Perguntou também por que eu não usava brilho e ousou dizer que toda mulher devia usar brilho para ser obervada. Primeiro, não gosto de brilho. Minhas atitudes chamam mais atenção do que qualquer bordado carnavalesco. Segundo, não uso saias monocromáticas pra marcar território e sim porque não gosto das estampadas. Fazer o quê? Sei que estamos em terras tupiniquins, mas quer me ver com ódio é dar de presente qualquer peça de roupa que tenha uma banana, manga, ou simplesmente várias cores estampadas. Não sou mostruário de tintas de parede. Sim, e não sou evangélica. Nada contra, mas não sou. Uso saias monocromáticas por ser básica. Meu irmão me condena por isso. Diz que mulher básica não é sensual e ofusca a feminilidade. Às vezes acredito nisso. É que ele é mais feminino que eu, aí, acabo acreditando nas bobagens que ele diz. Acho que não aprendi a ser feminina. Mamãe morreu quando tinha doze anos. Fui criada pelas minhas duas tias solteironas. Acho que é por isso que elas não me ensinaram a ser sensual. Mesmo com essa “falta” de sensualidade que me atribuem estou casada há sete anos. Meu marido me acha gostosa. Pelo menos é o que ele fala. Então acredito. Isso tudo é questão de estilo. Tem mulheres que gostam das últimas tendências de Paris, outras que são peruas, as que adoram um falsificado e tem o meu grupo: a das mulheres que tem o que fazer. Não que as outras não tenham. É que com o salário que ganho e um filho pra criar tenho preocupações mais urgentes. Mas mesmo se fosse rica eu seria básica. Acho que foi porque fui criada pelas minhas tias solteironas.