domingo, 18 de novembro de 2007

JOGO

Valete e dama de copas. Puxo no amontoado de cartas a esperança de ser o campeão. Cinco de paus. Acendo um cigarro. A fumaça irrita o jogador da esquerda. O da direita descarta um coringa. O coringa me diverte, me sinto um rei diante dos servos. Ais de ouro. O pano verde da mesa começa a absorver as expectativas da sorte. Sorte? Não passa de um fantasma mal assombrado que persegue todos os que acreditam na felicidade. Observo a fumaça da nicotina. Novamente minha vez de jogar. Como se tivesse de frente a um leão indomável, meu peito dispara ondas vibratórias de ansiedade. A boca seca pede a última gota do uísque do meu copo. Tremo. Só falta o Rei. O Rei de copas. A majestade comandante de corações vermelhos. Corações que habitam peitos de fracos, covardes, românticos e insanos. Esse Rei domina todos os meus sentidos. O baralho empilhado reflete uma trajetória de possíveis enganos e uma única abstração de acerto. Rei de espada. Degolado pela lâmina da frustração. Cortes sobre a minha pele derrama sangue frio. Busco o Rei. O Rei de Copas. Chegará trazendo minha coroa para dividirmos o reino, ou virá como bandido e me fará prisioneiro dos meus próprios sonhos? Acho que estou delirando. Trago, coloco as cinzas no cinzeiro, volto a me concentrar e domino novamente a minha tranqüilidade habitual. O relógio na parede emite um som desimportante. A respiração do jogador da esquerda denuncia que também esta armado. Será pelo Rei de copas? Estou pronto para guerra.

5 comentários:

Marcelo Ramos disse...

trajetória de possíveis enganos e uma única abstração de acerto(DE TASSO, 2007) hehehe!!!
nossa!! só tinha de ser teu mesmo esse blog!! msg mto massa!!! te admiro pra kct!! espero conitinuar tendo gratas supresas tanto aki, noteu blog, quando das férias, quanto dos teus "devaneios" quando nos vemos nos tempos de aula!!
abração Saulim!!!
vlwwwwzzzzz

Anônimo disse...

Sou seu Rei de Copas!!!!
Não dividerei o meu reino, mas virei a noite de óculos e com uma camera na mão te farei prisioneiro dos seu proprios sonhos!
com apenas um zoom arrebatei os teus sentidos...
Vejo uma estrela, ela me traz esperaça... a mesma estrela de um povo que vive em conflitos...
conflitos esse que perguto-me pode um rei resover sozinho???
preciso de um Anjo, um anjo Sertanejo que me mostre não apenas SECA, mas Aguas, aguas quentes...
Aqua Brasilis....

Anônimo disse...

Fala saulinho!!! Espero sua opinião sobre esse poema:

"Dança"
Quando a cena se ilumina, um casal se observa dentro de uma cerca de arame. Parado, suas posturas e seus olhares carregados de significado. a música situa a cena, sugerido-lhe uma época específica, tempo cercado.
Aparentemente, a dança ainda vai começar, mas tudo já está ali, na densidade que habita aquele espaço circunscrito.
Como dar visibilidade ao passado???
Nos corpos parados, transborda o potencial de movimento. Sonhos quebrados.
Nessa dança, o desejo está ali, em cliques de instantâneos, como os retratos "lambe-lambes" feito nessa praça de arame. Os recortes de instantes sucedem-se, construindo a história de encontros e desencontros.
Sonhos Quebrados, corpos desarticulados no limete de se tornarem autômatos, bonecos-bailarinos de uma caixinha de música e antes que um gesto se finalize e se transforme no seguinte, ele é explorado, revirado em suas possibilidades diversas, dando visibilidade às dúvidas e hesitações da relação, da DANÇA!

Saulo de Tasso disse...

Dança!

Texto, tecido, tecer palavras. Organizar idéias e mais que isso: encontrar personas entre linhas, entre metáforas.. O ritmo de DANÇA hora configura-se na vizualização de cenas (é até cinematográfico, meio que caminha como roteiro...obs.:ler oswald de andrade)e tal cena é trasnferida (imaginação) para um palco de teatro. Lembra até um ballet: imaginar ali os dançarinhos e todas as suas fisionomias, seus passos, suas marcações...E vema aí um paradoxo: imagina-se uma dança leve, nuvens em meio a uma paisagem arame!!!Que conflito. Que efeito. Dá até medo de se cortar.Como falei inicialmente:encontrar personas nas entrelinhas. Choque, dualismos....esse "anônimo" misturou (não sei se de propósito) os limites da suavidade e agressividade. Estado de espírito do escritor? histeria? Aí cada um com sua interpretação. Só uma coisa DANÇA não nos deixa claro: que dúvida é essa? que relação duvidosa é essa no final? Será um conflito entre os dançarinos? Uma inexperiência de quem está dançando? Ou o sentido de dúvida encarna-se na própria dimensão de dança do autor? Mas isso se dá por uma digressão de imagens. A vizualizãção cinemática inicial (gerido pela descrição)vai se transformando numa contrução semântica subjetiva, meio que nevoeiros, tipo: toda a carga emotiva das palavras...Se a mescla da descrição física com os conflitos internos do poeta tivesse sido seguido no todo do poema, talvez o final ficasse mais claro...
"A poesia não é do poeta e sim de quem a lê"(O CARTEIRO E O POETA)

O mais positivo do texto é a sinestesia criada sem intenção:é possível uma música dentro do texto(e cada leitor com seu estilo musical), sentimos as movimentações dos corpos. é um texto sinestésico....É um texto cíclico, que roda, que movimenta-se,como a própria proposta de uma DANÇA.

Anônimo disse...

realmente foi um critica!!!!
Gostei, não sabia do detalhe que era para ser feita pra quem ler, fiz apenas para um leitor.

Explicações se passa mum teatro o arame não é farpado!!
mas bem que poderia ser num campo!!!
Emoção e subjtividade é caracteristico do autor!

dúvida é dúvida!
contudo é entre a relação dos dançarinos, que são exemplo de outros tantos casais...

Cinemático?.././././
acredito que quando um texto é bom ele fica na memoria de que ler , mas qundo ele é otimo ele é reproduzido seja no cinema ou vivido na real....


e o positivo realmete capitou a mensagem, movimento, ação, reação, dança...
afinal não trabalho com palavras apenas , mas com o corpo, com o movimento, com a DANÇA!


Valeu... tentarei melhorar!!!