Poderia me chamar Maria. Talvez Isis. Se seguisse a numerologia, Helena. Patrícia, Vitória, Elizabeth... Meus pais me batizaram com um nome que estranho. Tereza, Narcisa, Luana... Está datilografado na minha certidão, impresso na carteira de identidade. Na lista da chamada escolar. Nos cartões de aniversário. Na conta do cartão de crédito. Está gravado nas agendas telefônicas, nos celulares. Esse nome que me aparenta não estar em consonância comigo mesmo. Suzana, Luzia, Edna... Se coubesse a mim a escolha de meu nome gostaria de ser anunciado por... Laura, Rita, Gabriela... São tantas as possibilidades de ser. Ser Lívia. Ser Valéria. Ser Simone. Ser Joana. Madalena, Tânia, Fátima... Pouca é a probabilidade de ter. Ter Eva. Ter Adriana. Ter Vera. Mônica, Rosa, Sara... E só depois de alguns anos do seu nascimento você percebe que existe uma multiplicidade, mas você fica aprisionado entre vogais e consoantes que, muitas vezes, foram predeterminadas antes mesmo de você inaugurar o mundo. Sônia, Lúcia, Gisele... A fama pode espalhar ainda mais aquilo que menos te pertence. E estarás nos autógrafos. Nomes de ruas. Poemas. Batizará escolas, instituições. Bárbara, Lígia, Geni... Até na morte se estampará aquilo que desejaram que fosse. Na lápide, Célia, Diana, Sandra... Mesmo assim você morre. Aparecerá outro alguém com seu mesmo nome. E é muito provável que tenha as mesmas insatisfações. Catarina, Josana, Verônica...
Para Paco
Há 12 anos
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